Em Afeto com Deus Juliana Castro Vida cristã

Flutuando em meio à tempestade


Meu barco está à deriva, outra vez. Já perdi as contas de todas as vezes que o vi balançar de um lado para o outro e não afundar. O vento sempre soprava fortemente, mas Algo o impedia de naufragar. Sim, eram as Tuas mãos que o firmava em todos os momentos.
No mar conflituoso que era a minha vida, as ondas tentavam me submergir. Era como se a brisa leve estivesse soprando em outros ares, enquanto o furação se instalava dentro de mim. Em meu peito tudo era confuso e sem nexo; os moveis velhos ocupavam um lugar suficientemente grande para me sufocar. Era preciso reconstruir alguns e jogar outros fora, no entanto, a teimosia forçava-me a continuar carregando o enorme peso das coisas desnecessárias.
Eu lutei com todas as minhas forças, coloquei meu medo debaixo do braço e enfrentei o vendaval. Mas, infelizmente, ou felizmente – não sei – ele me derrubou. Estava frágil demais para suportar toda aquela ventania. E, no chão, com os pés e mãos sangrando, fui acalentada por uma doce e suave voz que dizia: “Não temas, filha minha, pois Eu, o teu Deus, contigo estou!”. As lágrimas rolaram pelo meu rosto pálido até ensopar o chão frio. Naquele instante eu me encontrava em profundo desespero, pois o medo me corroía a alma; mas, ao mesmo tempo, recebia os cuidados daquela voz utópica, que limpou minhas feridas, tranquilizou minha alma e também o meu coração.
Quando finalmente o choro cessou, pude contemplar uma beleza nunca vista. Em Seu rosto raiava o sol mais brilhante do universo, e em Suas mãos havia uma marca de amor. Extasiada com tamanha perfeição, aproximei-me e pude até sentir Sua respiração: era calma. E, observando atentamente as frases que Seus lábios pronunciavam, compreendi o verdadeiro significado do amor. Suas palavras ecoaram pelo ambiente e se aconchegaram dentro do meu coração, me fazendo perceber que em meio a um terremoto ou a um tsunami, eu poderia elevar meus olhos para os céus e receber a paz que o mundo não poderia me dar. Eu não precisaria me preocupar, pois o meu frágil barquinho estaria seguro nas mãos do Dono do tempo.
Cheguei a conclusão que precisaria desocupá-lo; tiraria dele tudo o que não me pertencia mais, e, no lugar, colocaria o que pertencia a Jesus: o amor, a paz, a leveza, a simplicidade e a gentileza. Quando a mudança foi finalizada, meu barco pôde flutuar pelas águas da vida, que, apesar de conflituosas, não me faziam temer. Percebi que tinha a maior força existente comigo, nada me desestruturava mais. Minha pequena embarcação agora flutuava leve e tranquila em meio ao vendaval.

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